Donos da clínica Liberte-se são presos após denúncias de tortura e maus-tratos em comunidade terapêutica no DF

A Comissão de Direitos Humanos da CLDF revelou nesta terça-feira (16/9) o que pode ser um dos maiores escândalos recentes envolvendo comunidades terapêuticas no Distrito Federal. Após fiscalização na unidade Liberte-se, no Lago Oeste, dezenas de internos denunciaram uma rotina de maus-tratos, trabalhos forçados, tortura, punições religiosas e medicação irregular. Ao fim do dia, os donos da clínica foram presos.

A unidade já estava sob suspeita desde o incêndio no mês passado em sua sede no Paranoá, que deixou cinco internos mortos. Na diligência, conduzida pelo deputado distrital Fábio Felix (PSOL), pela deputada federal Érika Kokay (PT) e por representantes de entidades de direitos humanos, cerca de 60 pacientes foram encaminhados à 35ª DP, onde prestaram depoimentos estarrecedores.

Relatos de horror: tortura, exploração e abandono

Os pacientes afirmaram viver em um regime de violência psicológica e física, sob a justificativa da chamada “laborterapia”, que os obrigava a jornadas exaustivas de trabalho. Quem se recusava a participar de cultos religiosos diários ou a seguir ordens era punido.

As denúncias incluem:

  • Cobrança abusiva de valores: entre R$ 1.600 e R$ 1.800 de mensalidade, R$ 300 por consultas psiquiátricas feitas por telefone e até R$ 200 para deslocamentos médicos.

  • Ausência de profissionais qualificados: monitores receitavam medicação, e muitos internos nunca foram atendidos por psicólogos.

  • Superlotação e precariedade: capacidade para 70 pessoas, mas mais de 100 homens viviam no local, em condições de alimentação denunciadas como insuficientes.

  • Isolamento social: visitas mensais, muitas vezes suspensas como forma de punição, e ligações monitoradas pelos próprios trabalhadores da comunidade.

Participaram da diligência também representantes do Conselho Regional de Psicologia, do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, da Comissão em Defesa da Saúde Mental da CLDF, além de técnicos do Ministério dos Direitos Humanos.

O caso agora segue sob investigação da Polícia Civil.

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