STF forma unanimidade para aceitar denúncia contra Eduardo Bolsonaro por coação

Primeira Turma decide de forma unânime em sessão virtual; Moraes aponta grave ameaça e tentativa de pressionar ministros da Corte

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou unanimidade para aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo.

A votação ocorre em sessão virtual, iniciada às 11h desta sexta-feira (14) e que segue até 23h59 do dia 25 de novembro. A unanimidade — fato de maior peso político e jurídico — consolida o entendimento da Turma sobre a existência de indícios suficientes para abrir ação penal.

A denúncia está relacionada a declarações e postagens em que o parlamentar afirmou atuar para que o governo dos Estados Unidos impusesse sanções a ministros do STF, integrantes da PGR e da Polícia Federal, alegando perseguição política a ele e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Relator: ambiente de instabilidade e tentativa de pressão

O relator, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que nesta etapa processual há prova da ocorrência do crime e indícios razoáveis de autoria. Para ele, as ações atribuídas ao deputado tinham potencial de:

  • criar instabilidade institucional,

  • provocar prejuízos econômicos ao Brasil,

  • e coagir ministros do STF a decidir de forma favorável ao ex-presidente na AP 2668.

Segundo Moraes, a articulação para que autoridades brasileiras fossem alvo de medidas estrangeiras está amplamente registrada nas redes sociais do deputado.

“Grave ameaça” como elemento do crime

Para Alexandre de Moraes, a “grave ameaça” — requisito para caracterizar o crime de coação no curso do processo — ficou demonstrada na tentativa de envolver o governo dos EUA para:

  • impor tarifas de exportação ao Brasil;

  • aplicar suspensão de vistos a autoridades;

  • e acionar a Lei Magnitsky, que prevê restrições financeiras e comerciais.

Segundo o relator, o objetivo seria intimidar a Corte e influenciar diretamente o julgamento envolvendo o ex-presidente.

Votação unânime

Acompanharam o voto do relator:

  • ministra Cármen Lúcia

  • ministro Flávio Dino

  • ministro Cristiano Zanin

Com a formação de unanimidade, a Primeira Turma abre caminho para que Eduardo Bolsonaro responda como réu por coação no curso do processo, reforçando o alinhamento interno da Corte em relação ao caso.

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