Um caso de violação extrema de privacidade contra mulheres chocou o Distrito Federal e tem provocado indignação em diversos setores da sociedade. O servidor público federal Pablo Silva Santiago, de 39 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Civil do Distrito Federal, acusado de instalar câmeras escondidas em banheiros e ambientes privados para filmar mulheres nuas sem o consentimento delas. As vítimas incluem amigas, colegas, a namorada e até um amigo que o recebeu em casa.
A operação foi deflagrada pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) após uma das vítimas encontrar uma microcâmera em seu banheiro. Na casa do suspeito, os policiais apreenderam mais de mil arquivos de vídeo, indicando que ele pode estar cometendo os crimes há pelo menos sete anos. Há indícios de que parte do conteúdo pode ter sido compartilhada na internet, o que pode agravar os crimes já atribuídos ao investigado: violação de intimidade, importunação sexual, violação de dispositivo informático e posse de material íntimo sem autorização.
Além da prisão, a polícia segue na busca por novas vítimas.
Função pública e vida paralela
Pablo Silva Santiago era servidor federal com matrícula SIAPE nº 1949620. Em janeiro de 2025, foi designado pela ministra Margareth Menezes como substituto eventual do cargo de Coordenador da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), no Ministério da Cultura.
Mas sua atuação não se limitava ao governo. Pablo também dava aulas em uma escola de dança no DF, onde, segundo a investigação, também filmou vítimas. Ele se apresentava como dançarino, músico, DJ, engenheiro, professor de matemática e agitador cultural, o que o colocava em diversos espaços sociais e facilitava o acesso a pessoas e ambientes privados.
Perfil oculto
Conhecido por seu carisma e por participar de eventos culturais, Pablo circulava com desenvoltura em diferentes grupos sociais. Usava essa reputação para ganhar a confiança das vítimas. Ele instalava microcâmeras camufladas em objetos cotidianos e, segundo a investigação, chegou a posicionar um dos dispositivos até mesmo no banheiro de um amigo.
A Polícia Civil segue analisando o material apreendido e mapeando novas vítimas. A denúncia pode ser feita de forma anônima pelo telefone 197.
O caso acende um alerta sobre abusos de confiança e vigilância ilegal em espaços íntimos, especialmente quando os agressores ocupam posições de respeito na sociedade.
Repórter Capital
Foto: Reprodução/Facebook