A discussão sobre a preservação dos cursos d’água que cortam o Park Way voltou a ganhar relevância diante do processo de regularização do Setor Habitacional Arniqueiras. A ampliação do perímetro dessa área, que agora incorpora parte das quadras 1 a 5 do Park Way — localizadas às margens de importantes córregos — acendeu o alerta da comunidade local para a necessidade de proteger esses recursos naturais essenciais ao Distrito Federal.
De acordo com Raimundo Eloi de Carvalho, representante da Associação Comunitária do Park Way (ACPW), essas áreas verdes abrigam afluentes como o Vereda da Cruz, Arniqueiras, Vereda Grande e Veredão, que compõem a bacia do Córrego Vicente Pires. Este, por sua vez, integra, junto ao Riacho Fundo, o sistema hídrico responsável por alimentar o Lago Paranoá — um dos principais reservatórios da capital.
Desde sua criação, em 1961, o Park Way desempenha um papel estratégico para o equilíbrio ambiental da região. O bairro foi concebido para proteger nascentes e manter os fluxos d’água naturais que sustentam a biodiversidade local e garantem a qualidade de vida da população. Essa importância é reconhecida no Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), que classifica a área como uma zona de uso controlado com alta relevância hídrica e ambiental.
Diante das recentes mudanças, a ACPW intensificou sua atuação junto a órgãos do Governo do Distrito Federal, incluindo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), a Terracap e o Ministério Público. Além disso, a entidade tem buscado o diálogo com deputados distritais para acompanhar as discussões e possíveis alterações no PDOT, buscando assegurar que o desenvolvimento urbano caminhe em harmonia com a preservação ambiental.

Para os moradores, proteger os mananciais vai além da defesa do meio ambiente: trata-se de uma questão de segurança hídrica e garantia do futuro sustentável de Brasília.
“Sem água, não há futuro”, resume Raimundo Eloi de Carvalho. “Preservar os mananciais é preservar a própria vida em nossa capital.”
A mobilização no Park Way mostra que, mesmo em tempos de mudanças urbanas, é possível encontrar equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade, com a participação ativa da sociedade e das instituições.
