Setembro começa hoje. Para muita gente, é apenas mais uma virada no calendário: novos boletos, novas promessas, novas rotinas que se repetem. Mas há algo nesse mês que não deve passar despercebido — o Setembro Amarelo, campanha dedicada à prevenção do suicídio e à promoção da saúde mental.
Desde 2015, quando a iniciativa ganhou força nacional, setembro se tornou um convite à reflexão sobre um tema ainda cercado de silêncio. E justamente o silêncio é um dos fatores que mais alimenta o sofrimento psíquico. Não falar sobre dor, sobre angústia e sobre a sensação de não pertencimento, é como deixar uma ferida escondida: ela se alastra, sem chance de cicatrizar.
A psicologia nos mostra que o suicídio, em sua maioria, não é um desejo de morrer, mas um desejo de cessar a dor insuportável. A falta de sentido, a solidão e o desamparo costumam se misturar a quadros clínicos como depressão, transtornos de ansiedade ou abuso de substâncias. Em cada caso, há uma história singular — e cada história merece ser ouvida.
No entanto, a sociedade ainda trata a saúde mental como tabu. O 1º de setembro, portanto, é mais do que a abertura simbólica de uma campanha: é um chamado à responsabilidade coletiva. O cuidado não é apenas individual, mas social. Uma rede de apoio, uma escuta atenta, um gesto de acolhimento podem fazer a diferença.
É preciso também superar o reducionismo. Saúde mental não é “falta de fé” nem “fraqueza de caráter”. Trata-se de um aspecto da vida tão legítimo quanto a saúde física. Assim como ninguém culpa alguém por ter diabetes ou hipertensão, não se deve estigmatizar quem enfrenta depressão ou pensamentos suicidas.
Neste mês, veremos laços amarelos espalhados pelas cidades, palestras em escolas, campanhas nas redes sociais. Mas o verdadeiro desafio é manter a consciência e a empatia vivas para além de setembro. Porque as dores não têm calendário.
O 1º de setembro, portanto, é mais que um início de mês: é um convite. Que tal começar ouvindo mais e julgando menos? Que tal perguntar, de forma sincera, “como você está?” e estar realmente disposto a escutar a resposta?
Cuidar da vida, afinal, é um compromisso diário.