Doente e sem acesso ao próprio dinheiro: o drama silencioso de um idoso em Sacramento MG

Filhos denunciam abandono, isolamento e uso indevido de mais de R$ 200 mil. Idoso de 77 anos pode receber alta nos próximos dias, mas casa está ocupada pelos investigados.

A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou um inquérito para investigar possíveis crimes de maus-tratos, negligência e desvio de recursos financeiros contra um idoso de 77 anos, internado na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, no interior do estado. A investigação foi aberta com base no Estatuto do Idoso e está sendo conduzida pela 8ª Delegacia de Polícia de Sacramento.

De acordo com os filhos do idoso, que vivem em Brasília, ele vinha sendo mantido em situação de vulnerabilidade por pessoas próximas com quem havia convivido anteriormente — entre elas, uma ex-companheira de quem estava separado desde 2019, após dissolução judicial de união estável com partilha de bens. Também estão entre os investigados a filha e o genro dessa ex-companheira.

Segundo os relatos, o idoso é diabético, hipertenso e passou por cirurgia no fêmur, após fratura não investigada. Durante o tempo em que estava sob os cuidados dos acusados, sua saúde teria se deteriorado rapidamente. Ele foi internado no início de abril com pneumonia e hiperglicemia grave. Laudos médicos apontam ainda sinais de desnutrição, feridas abertas e uso inadequado de medicamentos.

Os filhos relatam que ele ficou isolado, sem telefone próprio, com contato restrito com a família. Também apontam movimentações bancárias suspeitas, inclusive o uso de uma procuração assinada “a rogo”, pela própria filha da ex-mulher, com alegações de que ele não poderia assinar por estar temporariamente cego — algo que não foi comprovado. A partir desse documento, teriam sido feitas vendas de bens, uso do cartão bancário e contratação de empréstimos consignados à aposentadoria, totalizando um prejuízo de quase R$ 200 mil.

Outro ponto de preocupação é que o idoso pode receber alta médica nos próximos dias, segundo o médico responsável, após apresentar melhora desde que foi afastado do convívio com os investigados. No entanto, sua residência, para onde deveria voltar, está atualmente ocupada por essas mesmas pessoas, que se recusam a deixar o imóvel mesmo após solicitação da família.

As denúncias também incluem:

  • Abertura de empresas no endereço da vítima, com movimentações suspeitas;

  • Uso indevido de senhas, cartões e aposentadoria;

  • Empréstimo consignado à aposentadoria de quase R$ 18 mil realizado digitalmente;

  • Relatos de ameaças e agressões verbais, inclusive em ambiente hospitalar.

A Justiça concedeu curatela provisória a um dos filhos, que agora tentam garantir que o pai possa retornar ao seu único bem — a casa — com segurança, cuidado e dignidade.

“Ele foi exposto a abandono, manipulação e exploração financeira. Não é uma briga familiar, é um caso sério de violência contra um idoso vulnerável”, afirmou uma filha.

Foi optado por sigilo dos nomes para preservar a identidade e segurança do idoso.

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