A possível volta do Horário de Verão no Brasil já em 2025 entrou no radar das autoridades do setor elétrico. O Plano de Operação Energética (PEN) para o período de 2025 a 2029, divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), revelou um agravamento no déficit de potência do Sistema Interligado Nacional (SIN), o que pode levar à recomendação oficial da medida ao governo federal ainda neste ano.
A medida visa aliviar o consumo de energia nos horários de maior demanda, especialmente no início da noite, quando o sistema sofre maior pressão. O ONS estima que o retorno do Horário de Verão poderia representar um reforço de até 2 gigawatts (GW) na capacidade de atendimento do SIN. Para ser implementado ainda em 2025, o governo precisa tomar uma decisão até agosto, já que são necessários ao menos três meses de preparação.
O cenário de risco se agravou com a ausência de novos leilões de contratação de potência em 2024, apesar de alertas feitos desde 2021. Entre as ações emergenciais adotadas estão a antecipação da entrada de projetos do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) realizado em 2021, o maior uso de usinas termelétricas e a possibilidade de importação de até 2,5 GW de energia de países vizinhos.
Embora o Brasil esteja sobreofertado em geração de energia, a maior parte dessa expansão vem de fontes intermitentes, como a solar, que não garantem fornecimento no período noturno. De acordo com o PEN 2025-2029, a mini e microgeração distribuída solar deve crescer de 35 GW para 64 GW até 2029, enquanto a solar centralizada avança de 16,5 GW para 24 GW. Já a energia eólica passará de 32,5 GW para 36 GW. Esse crescimento eleva a capacidade instalada do SIN de 232 GW para 268 GW, mas sem atender à necessidade de potência firme no horário de pico.
Outra medida que será utilizada para evitar sobrecarga no sistema é o mecanismo de resposta da demanda, no qual grandes consumidores são pagos para reduzir o consumo nos horários de maior carga. O resultado da contratação dessa redução será conhecido no próximo dia 16 de julho. Em 2024, essa estratégia gerou apenas 100 megawatts (MW) de economia.
Se houver atraso no período de chuvas, os meses mais críticos devem ser outubro e novembro. O diagnóstico do ONS é claro: não há mais tempo para contratar potência adicional para 2025. A próxima oportunidade para reforçar o sistema será em 2026, com novos leilões de reserva de capacidade.
O Horário de Verão foi adotado no Brasil por mais de três décadas e costumava vigorar entre outubro e março. A medida foi encerrada em 2019, sob a alegação de que havia perdido eficácia com a mudança no perfil de consumo e o uso crescente de aparelhos como o ar-condicionado.