Prevenção em gestantes, diagnóstico precoce e vigilância ativa são prioridades da Saúde do DF
O HTLV — vírus da mesma família do HIV, mas ainda pouco conhecido pela população — está no centro das ações de prevenção e vigilância da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Nesta segunda-feira (10), Dia Mundial do HTLV, o órgão destaca o trabalho contínuo para identificar infecções, proteger gestantes e evitar a transmissão para os bebês.
O vírus, classificado como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), compromete o sistema imunológico e possui uma forma relevante de transmissão: o aleitamento materno. Como medida de proteção, o DF aprovou em 2024 a Lei nº 7.619, que tornou obrigatório o teste para detecção do HTLV no pré-natal da rede pública.
Antes mesmo da legislação, a SES-DF já realizava a triagem de forma ampliada. Entre 2017 e 2024, mais de 180 mil gestantes passaram pelo exame ainda no primeiro trimestre. Quando o resultado é positivo, a mulher realiza testes confirmatórios e recebe acompanhamento especializado — além da orientação para não amamentar, assim como ocorre nos casos de HIV.
Entre 2013 e 2023, 260 gestantes foram diagnosticadas com HTLV no DF, o que representa uma taxa média de 0,7 caso para cada mil mulheres grávidas. A estimativa da SES-DF é de que existam cerca de 2 mil pessoas vivendo com o vírus no Distrito Federal, embora muitas não saibam por se tratar de uma infecção silenciosa.
“É uma infecção negligenciada, com baixa visibilidade e poucos alertas à população”, explica Beatriz Maciel Luz, gerente de Vigilância de ISTs da SES-DF. Ela lembra que não existe cura nem vacina, o que torna o diagnóstico e o acompanhamento essenciais.
O DF também intensificou as notificações e o monitoramento. Todo caso positivo deve ser obrigatoriamente registrado, com suporte do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), que participa da vigilância epidemiológica. Além disso, a SES-DF mantém parcerias com Ministério da Saúde, Fiocruz e Opas para ações educativas, qualificação profissional e melhoria da assistência.
Desde 2023, a secretaria promove oficinas de capacitação sobre diagnóstico, vigilância e manejo clínico de pessoas com HTLV, além de trabalhar na criação de uma linha de cuidado específica. A porta de entrada para gestantes e demais pacientes é a Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pelo acolhimento e testagem.
