No Setor Norte do Gama, um novo espaço começa a redesenhar a forma como a cidade cuida da saúde mental. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que está sendo implantado na região, já exibe a estrutura finalizada e entra agora na etapa de acabamento interno. A obra avança para os ajustes que definem o ambiente: circulação iluminada, salas prontas para atendimento e áreas externas preparadas para atividades de convivência.
O projeto ocupa mais de 740 metros quadrados e segue um conceito aberto à comunidade. Em vez de corredores fechados e ambientes isolados, o Caps foi pensado para ser um lugar de permanência e presença, onde quem busca atendimento possa circular, participar de grupos terapêuticos, ter acompanhamento clínico e conviver com outras pessoas. A acessibilidade foi integrada desde a base da obra, garantindo que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida se movimentem sem barreiras.
A unidade será do tipo III, o que significa funcionamento 24 horas, todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados. O atendimento será voltado a adultos que enfrentam sofrimento psíquico intenso ou transtornos mentais graves, especialmente em situações que demandam acolhimento contínuo. A equipe multiprofissional atuará em três frentes: cuidado clínico, fortalecimento dos vínculos sociais e reinserção comunitária.
Para a diretora de Atenção Secundária à Saúde da Região Sul, Ângela Maria de Sousa, a implantação do Caps representa uma mudança estrutural, não apenas a abertura de um novo prédio. “O Caps transforma o cuidado porque ele acontece no território. Ele acompanha as pessoas onde elas vivem, com quem convivem e na rotina da qual fazem parte. Não é um tratamento distante, é cuidado presente”, afirma.
Hoje, a Região de Saúde Sul conta com um Caps voltado ao tratamento de álcool e outras drogas, localizado em Santa Maria, que funciona em horário comercial. Com a chegada da unidade no Gama, o atendimento deixa de ter restrição de horário e passa a atender também casos de crise e acompanhamento intensivo.
No Distrito Federal, já são 18 Caps distribuídos pelas regiões de saúde. A porta de entrada é ampla: o usuário pode chegar por conta própria ou por encaminhamento de outros serviços públicos, como UBSs, hospitais, escolas, assistência social e justiça. A lógica é garantir continuidade, para que o cuidado não seja interrompido.
Mais que um equipamento, o Caps do Gama se prepara para ser um lugar de vínculo — onde o tratamento não se encerra em uma consulta, mas se constrói na convivência, no tempo e na escuta.
