Ministério Público Eleitoral acusa o governador do Rio de Janeiro de ter usado contratações irregulares na Ceperj e na Uerj para irrigar sua campanha de 2022 com verba pública
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julga nesta terça-feira (4) o recurso que pode mudar os rumos políticos do Rio de Janeiro. No centro da pauta está o governador Cláudio Castro (PL), acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de utilizar dinheiro público para impulsionar sua campanha à reeleição em 2022, por meio da contratação em massa de temporários em órgãos do governo estadual.
De acordo com o MPE, cerca de 27 mil pessoas teriam sido contratadas pela Fundação Ceperj e outras 18 mil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sem critérios técnicos claros, sob suspeita de indicação política. O dinheiro seria pago “na boca do caixa”, dificultando o rastreamento dos valores. Há relatos de pagamentos a presidiários, funcionários fantasmas e servidores com acúmulo irregular de cargos.
O julgamento ocorre em meio à repercussão da Operação Contenção, deflagrada na semana passada no Complexo da Penha, que terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais. O episódio reacendeu o debate sobre a política de segurança pública e elevou a tensão política em torno do governador.
Cláudio Castro foi absolvido em 2024 pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por 4 votos a 3. A maioria dos desembargadores entendeu que, embora as irregularidades fossem graves, não havia provas diretas de envolvimento do governador nem de que as contratações influenciaram o resultado eleitoral. O relator, desembargador Peterson Barroso Simão, divergiu, votando pela cassação ao considerar que o esquema beneficiou diretamente a campanha.
Em 2022, Castro foi eleito no primeiro turno, com 60% dos votos válidos — cerca de 2,6 milhões a mais que o segundo colocado, Marcelo Freixo (PSOL). Caso o TSE acolha o pedido do MPE, o Rio poderá enfrentar eleições suplementares, provocando novo abalo político no estado.
