Pouco mais de dois meses depois de passar à gestão da iniciativa privada, a Rodoviária do Plano Piloto começa a apresentar mudanças já sentidas por quem circula diariamente pelo terminal. A administração do complexo está a cargo da empresa Catedral, vencedora da licitação conduzida pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que prevê R$ 120 milhões em investimentos ao longo de duas décadas.
Logo no início da concessão, intervenções estruturais e de organização começaram a ser implementadas. Entre elas, a reativação das 12 escadas rolantes, a modernização de três elevadores, a instalação de 62 câmeras de monitoramento com reconhecimento facial e de 50 telas digitais para informar os horários dos ônibus em tempo real. Também foram inaugurados espaços inéditos, como uma sala multissensorial para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o “Cantinho do Desabafo”, voltado ao acolhimento psicológico gratuito.
A melhoria na limpeza foi um dos pontos mais destacados por frequentadores. A vendedora Letícia Borges, de 23 anos, lembra que antes era comum encontrar papéis espalhados e banheiros sem manutenção. “Hoje é diferente: tem gente fixa na limpeza, os banheiros estão abastecidos e até cheirinho colocaram. A segurança também está melhor, com policiais e fiscais circulando. Dá mais tranquilidade para trabalhar”, contou.
Para o servidor público Carlos Henrique Silva, de 33 anos, cadeirante, a acessibilidade ganhou novo peso. “Agora consigo chegar até o ônibus sem dificuldades. Os elevadores estão funcionando e as rampas estão bem cuidadas. Isso muda a rotina de quem precisa de mobilidade”, relatou.
O reforço na segurança também é visível. Com apoio da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública, o terminal passou a contar com um Centro de Controle Operacional (CCO), que acompanha em tempo integral a movimentação de passageiros e funcionários. O vendedor Marcos André Moreira, de 29 anos, resume a sensação: “Antes nada funcionava. Agora elevador, escada rolante, banheiro… tudo está organizado”.
Segundo o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, a concessão tem impacto direto na rotina de quem depende do transporte público. Ele destaca que a rodoviária é o coração de Brasília, por onde passam cerca de 700 mil pessoas todos os dias. “Hoje conseguimos ter trânsito livre, sem a ocupação irregular de ambulantes, que foram realocados sem prejuízo. Comerciantes e usuários saíram ganhando. Nosso papel é fiscalizar e garantir que os investimentos sigam o cronograma, que inclui a nova estação do BRT e a recuperação estrutural”, explicou.
O superintendente do Consórcio Catedral, Leonardo Moreira, reforça que a prioridade da gestão é oferecer conforto ao usuário. “Encontramos uma rodoviária carente de cuidados. Hoje temos mais de 150 funcionários entre limpeza, vigilância e administração, garantindo banheiros limpos 24 horas, escadas funcionando e maior organização na circulação. Queremos que a experiência de quem passa por aqui seja positiva”, afirmou.
O planejamento prevê R$ 7 milhões em melhorias nos estacionamentos e sistemas operacionais nos primeiros dois anos, além de R$ 57,7 milhões em reformas estruturais com prazo de três anos. A etapa final, com R$ 54,9 milhões para a modernização completa do complexo, deverá ser concluída em quatro anos.
A concessão inclui ainda os estacionamentos anexos ao Conjunto Nacional e ao Conic, que somam 2.902 vagas rotativas — 1.179 no Setor de Diversões Norte (SDN), 1.015 no Setor de Diversões Sul (SDS) e 708 na plataforma superior.
Para a diarista Ladijane Maria, de 59 anos, a mudança é nítida. “Eu subia aquelas escadas todo dia. Agora, só de poder usar as escadas rolantes, já vejo que a rodoviária virou outra. Melhorou muito”, disse.
Além das melhorias físicas e operacionais, a concessionária abriu um canal de comunicação direta com a população. Usuários podem enviar sugestões, elogios ou críticas pelo e-mail ouvidoria.rodoviaria@rzkconcessoes.com.br, reforçando o compromisso de aproximar a gestão da comunidade que utiliza o espaço diariamente.
