Antes do amanhecer desta quarta-feira (24), os agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas) já estavam em ação na fábrica de mosquitos do Guará. O destino: dez regiões administrativas do Distrito Federal e dois municípios goianos, onde os wolbitos — Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia — começaram a ser soltos. Esses mosquitos especiais têm a capacidade de bloquear a transmissão da dengue, zika e chikungunya, oferecendo uma ferramenta inovadora para proteger a população.
O trabalho segue um protocolo detalhado. Cada agente retira cuidadosamente a tampa de tecido do pote com os wolbitos, libera os insetos e registra o ponto no sistema de mapeamento da operação. Após a soltura, os caixotes retornam à fábrica, passam por higienização e são preparados para uma nova leva. As áreas atendidas incluem Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além de Luziânia e Valparaíso, em Goiás.
Para os moradores, a iniciativa desperta curiosidade. Caleb Ferreira, 23 anos, da Estrutural, comentou sobre a novidade e lembrou da gravidade da doença: “Minha mãe pegou dengue e quase morreu. A gente se protege bastante, mas é impressionante ver essa ação acontecendo na nossa região”, afirmou. Experiências em outras cidades, como Niterói (RJ), mostram resultados promissores, com redução de mais de 80% nos casos de dengue após a liberação dos mosquitos.
O método Wolbachia é considerado seguro para humanos, animais e meio ambiente. Além de impedir que os mosquitos transmitam vírus, os wolbitos podem transmitir a bactéria para a população selvagem, enquanto cruzamentos entre machos infectados e fêmeas selvagens resultam em ovos inviáveis, ajudando a reduzir a população transmissora. Especialistas reforçam, no entanto, que a medida não substitui cuidados tradicionais, como eliminar água parada e usar repelente.