Na tentativa de reverter a taxação de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, uma comitiva de senadores embarca nesta sexta-feira (25) para os Estados Unidos. As reuniões começam na próxima segunda-feira (28), em Washington, e seguem até quarta-feira (30), com foco em negociações que possam minimizar os impactos do chamado tarifaço, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
A missão será liderada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) e da comissão temporária criada para tratar do tema.
Apesar de a negociação formal de tarifas ser uma prerrogativa do Poder Executivo, Nelsinho ressalta que o Senado tem o dever de dialogar em defesa dos interesses nacionais.
Agenda de negociações
Na segunda-feira (28), os parlamentares devem se reunir com empresários brasileiros e norte-americanos para discutir estratégias conjuntas. Já na terça e quarta (29 e 30), os encontros serão com parlamentares dos EUA, na tentativa de sensibilizar o Congresso norte-americano quanto aos impactos da medida no comércio bilateral.
A comitiva também inclui os senadores Tereza Cristina (PP-MS), Jaques Wagner (PT-BA), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG)
Origem do tarifaço
O aumento tarifário foi anunciado pelo presidente Donald Trump em suas redes sociais no último dia 9 de julho. Ele justificou a medida afirmando que a balança comercial entre os dois países seria “injusta” com os EUA — ainda que o Brasil tenha registrado um déficit de US$ 1,7 bilhão no comércio com os norte-americanos no primeiro semestre deste ano, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil. Trump também citou divergências políticas, mencionando decisões do Supremo Tribunal Federal relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Reação do Congresso brasileiro
O anúncio causou forte reação no Senado e na Câmara, especialmente na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, publicaram nota conjunta em que mencionam a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril, que prevê medidas de retaliação comercial a países que impuserem barreiras aos produtos brasileiros.
Cenário econômico
Segundo o Itamaraty, nos últimos 15 anos os EUA tiveram um superávit médio de US$ 410 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) na balança comercial com o Brasil, o que evidencia que a relação comercial já favorece os norte-americanos. Apesar disso, a nova política tarifária pode encarecer produtos brasileiros e impactar diretamente setores como agronegócio, siderurgia e aviação.
Próximos passos
A expectativa é de que, após as reuniões em Washington, os senadores apresentem um relatório ao governo federal com propostas para fortalecer a posição brasileira na mesa de negociações.